por onde e como mijam as jibóias? na infância julgávamo-las
erradamente venenosas, mas venenosas são as cascavéis e
as cobras-capelo. não nos ensinavam quais as venenosas porque
aqui nem há dessas serpentes terríveis, que matam homens.
nos pinhais, apenas peles, mangueiras ou câmaras-de-ar em
relação às quais o corpo dos répteis cresceu. os répteis
mijam também, só que de um modo tão disfuncional,
as tartarugas deixam só uma poça de água, umas lágrimas
no chão, o cimento humedecido, podia-se beber aquilo,
é inócuo e provavelmente não tem sabor nenhum. deve
ser assim que mijam as jibóias, nas florestas tropicais,
a urina a cheirar a limo e líquen, mitologicamente
venenosas na imaginação das crianças -- isso, de apertar
as coisas com o corpo, não assusta verdadeiramente, só
o veneno, a gangrena, o imediato tóxico no sangue, a
fazer com que os pulmões morram, que a circulação pare --,
procurando apenas mulheres menstruadas, mordendo-as no
pé, matando-as, acabando com a sua raça, mijando
depois do processo biológico próprio, da função excretora
própria de quem vive, mijando também, só uma poça
de água sem cheiro a sair das escamas, a água que
mijam é um pensamento. menos quando hibernam.
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