24/07/2013

há mau e bom colesterol

lembras-te das fotos que me enviavas, há uns anos, nua, na casa de banho ou sobre a cama? dizes "tenho vergonha", agora, com os olhos, como se não me tivesses mostrado a cona depois de te terem feito um minete. e é normal que tenhas vergonha, agora és uma mulherzinha desinteressante, continuas sem perceber sarcasmo nem ironia e olhas para o mundo como se fosse só aquilo que se vê. não te lamento nem te choro, nunca pensei que te pudesses tornar noutra coisa. nem eu me podia ter tornado noutra coisa, não me lamentes, não me chores por não ser ágil nem gracioso, por rebolar na cama, por cair, por dormir de dia, como um tipo de planta nocturna. já tinha vergonha, por ti, nessa altura, mas enviavas à mesma as fotografias e dizias "é erótico, é arte" e era só grotesco e feio, um pornográfico mau. era apenas mamas gordas a balançar na imaginação e as nádegas de animal, de mulher provinciana, as pernas tão feias, demasiado gordas, em cima, demasiado magras, em baixo. e houve um homem anónimo que te mandou uma foto da pila com o teu nome escrito e nem assim paraste com as sessões, estavas sem cuecas num parque infantil e tiravas fotos à cona. ias para casas abandonadas e era como se fodesses sem que ninguém te tocasse, não tinhas nada de remotamente erótico, nenhuma provocação no olhar, valias-te apenas de seres mulher e despias-te e tiravam-te fotos às mamas e ao rabo e depois os homens tocavam-se a olhar para ti, porque os homens não precisam de muito e tu estavas gorda e tinhas mamas.
hoje estás mais velha e triste e eu estou mais velho e triste e ambos estamos mais feios e cansados, atirados para uma concha de conformismo. em certas alturas pensei telefonar-te e foder contigo um fim-de-semana todo. ainda bem que nunca o fiz.