23/09/2014

isto, uma pessoa, para escrever

que se fodam os poetas sensíveis, sentados na
natureza a falar de árvores e de cãezinhos e
de cavalinhos e de vaquinhas,
as mamãs lá longe na cidade escrevendo cartas,
a mão invisível das mães a amparar-lhes as
costas,
"meu querido, meu amor, és precioso na tua
poesia maravilhosa e sensível, tocando o coração
bonito, bucólico da vida. lindo, sentado na
natureza, comovido, chorando, o bigode a tremer."
nunca um par de estalos, uma sova de cinto,
caganeira aflita numa casa-de-banho imunda de um bairro
sujo da cidade. nunca poesia a sério.