28/04/2014

a desejada

querida espanhola, penso em ti todos os dias,
és aquilo que tenho que mais se assemelha a amor,
mas não to posso dizer, porque estamos tão
longe e o meu corpo tornou-se - tornei-o -
asqueroso e pobre, sem nada de monetário
na carteira ou nas algibeiras, só umas
músicas vagas q.b., mentiras existenciais
de amor e entrega em vão. maria, se me
deixasses, se pudesse, dizia-te que ardes no
escuro, fosforescente como o cu de um piri-
lampo perene, imune à biologia das estações,
sem necessidade de alimentos, tecendo um
nylon vegetal para dentro da minha boca
aberta numa oração inaudível, uterina.

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